"A jornada rumo à totalidade não é algo que se possa fazer da noite para o dia. É uma dança composta de vários passos, com muitos parceiros, muitas voltas e rodopios, muitas músicas, muitos estilos. Ela é imprevisível. E leva tanto tempo quanto for necessário."

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Workshop de dança!

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Amanhã tem o sensacional Marcelo conosco!

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Yôga



HISTÓRIA E ORIGEM
(Texto: Daniel Jordão) 
Yôga é qualquer metodologia estritamente prática
 que conduza ao samádhi.[1]
Mestre DeRose




O Yôga nasceu na região hoje conhecida como Índia há mais de 5.000 anos talvez chegue a 10000. Durante esses milênios ele foi sendo praticado e interpretado no seio de diferentes culturas que o moldaram segundo seus valores e conveniências.
O que nas origens era um só conjunto de técnicas, com o passar da história, foi se dispersando até a desintegração, fragmentando-se nas centenas de tipos de Yôga que existem atualmente.
No transcorrer de sua história, o Yôga foi bastante influenciado por um sistema comportamental de características patriarcais, anti-sensoriais e restritivas (brahmácharya); e, mais tarde, por uma filosofia especulativa de característica espiritualista (Vêdánta). Esses dois fatores foram, certamente, os maiores responsáveis pela descaracterização que ocorreu no Yôga Moderno.
Por outro lado, existem duas tradições que, juntas com o Yôga, são as mais antigas da Índia: o Sámkhya e o Tantra. O Sámkhya é uma filosofia teórica; o Tantra, uma filosofia comportamental; e o Yôga, uma filosofia prática. Na antigüidade as três estiveram unidas, intrinsecamente, por centenas de anos, dentro de uma mesma civilização, denominada harappiana ou dravidiana
O Yôga teve origem no antigo shivaísmo, religião da natureza, pré-histórica, surgida de concepções animistas que apareceu durante o período neolítico entre os povos munda na região hoje compreendida hoje no noroeste da Índia.
O princípio do Shivaísmo é o de que nada existe no universo que não faça parte do corpo divino, que não possa ser um caminho para alcançar o divino.
Nada prova que a Índia atual tenha sido o lugar de origem do shivaísmo, pois vemos seus ritos e símbolos surgirem quase de maneira simultânea em diversas partes do mundo.
No Egito, os mitos e lendas sobre Osíris estão ligados aos mitos shivaístas.
No entanto, foi apenas na Índia que a tradição shivaísta e os ritos dionisíacos se mantiveram sem interrupção da pré-história até nossos dias.
A língua e a cultura dravidianas, que ainda hoje são as das populações  de povos que ocupam o sul da Índia, parecem ter estendido sua influência, da Índia ao mediterrâneo, antes das invasões arianas.
Os textos gregos falam da missão de Dioniso na Índia e os textos indianos falam da missão de Shiva à Grécia.   


A origem desse povo denominado dravidiano ( do prakrit damila: tâmul), é obscura, segundo a tradição teria vindo de um continente, tragado pelo mar.
Esse mito faz-nos lembrar a lenda de Atlântida, e parece possível que outras ramificações desse mesmo povo tenha chegado à África e ao mediterrâneo tendo lá chegado e se desenvolvido com a denominação de dionisismo, daí a dificuldade em atribuir com certeza um lugar de origem à revelação shivaísta ou dionisíaca.
De fato, durante o quarto milênio a.C. ocorreu um grande movimento cultural que ia da Índia até Portugal e está diretamente ligado à difusão do shivaísmo, é caracterizado por uma arte naturalista que dá grande importância aos animais.
“Shiva olhou os deuses e lhes disse: Sou o senhor dos animais...Os corajosos titãs, os asuras, só poderão ser destruídos se todos os deuses e outros seres assumirem sua natureza de animal. Os deuses hesitavam em reconhecer seu aspecto animal. Shiva lhes disse: Não é uma perda reconhecer seu animal ( a espécie que corresponde no reino animal ao princípio que cada deus encarna no plano universal). Apenas aqueles que praticam os ritos dos irmãos dos animais, Pashupatas, podem ultrapassar sua animalidade. Assim, todos os deuses e titãs reconheceram que eram o rebanho do Senhor e que ele é conhecido pelo nome de Pashupati, o senhor dos animais.”  (Shiva Purana, Rudra Samhita, V, cap.9, 12-21).


Para velar pelos animais, plantas e também pelos homens, Shiva Criou os vidyeshvaras (mestres do saber) que aparecem como gênios das florestas, sátiros, ninfas, fadas, anjos da guarda.
São os gênios protetores da criação. Pashupati é o chefe desses gênios e através deles, ele se manifesta sob todos os aspectos do mundo natural.
O caráter de Shiva como protetor e encantador dos animais foi muitas vezes transferido ulteriormente a outras divindades, tais como: Gopala-Krishna, Pã, Orfeu e até mesmo Jesus, o Bom Pastor
Todos aqueles que consideram o senhor dos animais como sua divindade tornam-se irmãos dos animais.” ( Linga Purana, cap. 80, 56-57).
“Shiva disse; o sagrado Pashupata Yôga, o yoga dos irmãos dos animais (através do qual pode se dar a unidade dos seres vivos), e o Sânkhya (cosmologia) foram ensinados por mim...Sabendo que as coisas do mundo são efêmeras, é preciso praticar sempre o yôga do senhor dos animais.
De fato, a maior parte das técnicas físicas do yôga é espelhada em movimentos dos animais e na natureza.
Essa influência se faz sentir até no kung fu, pois em suas origens constam a influência de Bodhidharma (início do Século V), monge budista indiano. que teria ensinado técnicas respiratórias e físicas  inspiradas em movimentos animais e no yôga aos monges do templo Shaolin. 
Após as levas de invasão ariana, que começaram por volta de 4200 a. C - povos nômades vindos das regiões frias do nordeste europeu e asiático - Shiva foi gradualmente absorvido pelo panteão da religião brâmane e védica tendo adentrado o hinduísmo como terceira pessoa da trindade.

Isso resulta, por um lado no hinduísmo ulterior, por outro na religião miceniana e grega.
As estátuas-menires do Alto-Adige e da Ligúria...(assim como Stonehenge e outros monumentos megalíticos parecem derivar de um protótipo que surge em Micenas por volta dos séculos XVI-XIV a.C.” Paolo Santarcangeli. Lê Livre dês labyrinthes, p. 139)
O shivaísmo possui como métodos intrínsecos o yôga e o tantrismo, constituindo uma aproximação do mundo natural e sobrenatural.
Os princípios do shivaísmo nos dizem que há três vias do conhecimento.e da realização, que são o Sânkhya (a cosmologia) , o Yôga ( o domínio do homem sutil) e o Tantra, ( ritos e práticas iniciatórias e mágicas).
O Sânkhya explica a estrutura do mundo e o sistema da criação, o paralelismo e a interdependência dos diferentes aspectos da matéria, da vida, das espécies, a unidade fundamental do macrocosmo e do microcosmo, do universo e do ser vivo.
O Yôga é a técnica pela qual, através da introspecção o ser humano aprende a conhecer a si mesmo, a reduzir ao silêncio as divagações do seu pensamento, a ultrapassar os limites dos seus sentidos, a remontar às fontes profundas da vida e a estabelecer contato com as forças invisíveis que se dissimulam nele como em todos os aspectos da criação, e que constituem a natureza profunda do ser vivo.
O corpo, inclusive as faculdades mentais e intelectuais é apenas o suporte, uma espécie de revestimento mas considerado como o instrumento de todas as realizações humanas.
O Tantra é a ligação entre o Sânkhya e o Yôga, ensina os métodos iniciatórios e mágicos pelos quais o ser humano pode entrar em contato direto com a natureza secreta das coisas, com o invisível, com o mundo misterioso dos espíritos e dos deuses
Os Tantras são os textos do hinduísmo, que se referem a todos os aspectos do ritual, particularmente àqueles que concernem ao culto da deusa, consorte de Shiva.
Shiva é o idealizador do mundo, mas para realizar seu plano ele necessita de um poder executivo, de uma força material (matéria – aquilo que pertence à mãe [mater]), de uma “energia”.

Essa energia é o aspecto feminino da consorte do deus, a Shakti.
Sem a energia criadora representada pela deusa, Shiva é como um cadáver (shava), incapaz de agir, de se manifestar, de realizar sua ideação de mundo.
O tantrismo considera o princípio feminino como o aspecto eficaz, real da divindade em relação ao homem.
Por isso a deusa é o objeto central do culto. É o elemento feminino, presente em todo ser, que nos liga ao mundo material.
Os Tantras representam um método baseado, de um lado, nos princípios do Sânkhya (cosmologia), ou ciência do macrocosmo, e , de outro, no yôga, ciência do ser humano e do microcosmo, que são as ciências básicas da tradição shivaísta.
O Tantra, ciência dos ritos e dos poderes mágicos, define as possibilidades de realização fundadas nas relações do macrocosmo com o microcosmo, a resultante do Sânkhya e do Yôga.
Citando alguns Mestres de Yôga hindus contemporâneos que tenham de fato se iluminado, podemos ter Ramakrishna e Aurobindo, que eram de linha tântrica. Segundo Yôgánanda, de cada mil pessoas que seguem o sistema brahmácharya, dos invasores arianos, só uma consegue permanecer, e de cada mil que permanecem, apenas uma atinge a meta.
O tantrismo opõe-se ao vedanta que é outro ponto de vista do hinduísmo, outro darshana, pois rejeita, do ponto de vista do ser humano, a concepção do mundo como ilusão, como Maya.
Reconhece pelo contrário, sua realidade sob forma de potência, de Shakti.
Usando a terminologia do shaktismo, - que é um outro nome do tantrismo,  kundaliní é a Shaktí individual que, como uma serpente de fogo, está enroscada três vezes e meia em torno do lingam (falo), na base da sushumná.(base da coluna).
 E, estando em sono profundo, essa serpente poderá ser despertada através das técnicas yôgis, tais como pránáyáma, bandha, ásana, dhyána
Toda a técnica do yôga tem por objetivo o despertar do princípio feminino, da deusa serpente, a Shakti, enrolada “em forma de espiral” (Kundaliní) no “centro da base”, o muladhara, no início da coluna vertebral.
Segundo Pátañjali, codificador do Yôga Clássico, a meta do Yôga é o samádhi, a hiperconsciência, logo, sem kundaliní não há Yôga.
A base filosófica das escolas tântricas é o conceito de Shaktí e Shiva, representando os princípios feminino e masculino, energias de polaridade negativa e positiva, respectivamente. Shaktí simboliza o poder dinâmico e Shiva, o poder estático. São os dois pólos opostos que mantêm a coesão universal, sem os quais não haveria harmonia no cosmos
A palavra Shaktí significa energia ou força. Pode ser interpretada sob três aspectos. O primeiro, popular, é simbolizado pelas imagens e expressado na devoção às divindades femininas do panteão hindu, tais como Saraswatí, Lakshmí, Kalí, Parvartí, etc. Ainda, dentro desse aspecto, a Shaktí é chamada também mãe divina: como sendo aquela que gera, nutre e protege. O segundo, se refere à própria mulher, como esposa ou companheira. E, o último aspecto, nos fala sobre a energia adormecida em cada ser humano, chamada kundaliní.
A cultura tântrica, provavelmente a única desse tipo no mundo, demonstra que a evolução do Ser Humano acontece através da desrepressão e do prazer.
  Assim o yôga com bases tântricas originais conduz à evolução através do prazer e da liberdade.
Outro importante provérbio tântrico está registrado no Vishwasara Tantra: “Tudo o que está aqui, está em outro lugar; e, o que não está aqui, não está em lugar algum”. Tal aforismo aproxima-se das últimas descobertas da Física moderna: a matéria nada mais é que energia condensada. Aqui, a Natureza é abordada como um organismo vivo, cuja manifestação se divide, multiplica-se e eleva-se à infinita potência.
O principal axioma do shaktismo, diz: Todos os deuses estão em nosso próprio corpo. Isso significa que todos os processos químicos, biológicos e físicos da Natureza são semelhantes, quer seja numa folha de grama em nosso jardim, quer seja num coral fixado aos recifes de uma praia. Tudo o que está do lado de fora está também do lado de dentro. 

O objetivo final do tantrismo é reunir os dois princípios polares, Shiva e Shakti, em seu próprio corpo.
Pela introspecção, o yogi descobre, em seu próprio corpo, a existência de certos centros ligados às faculdades sutis.
Esses centros são chamados de engrenagens (chakras) ou lótus (padma).

As vivências são compostas por:
Pújá
Pújá pode ter vários significados, tais como, oferenda, honra ou retribuição de energia ou de força interior . É uma forma natural e instintiva de retribuição.
O pújá faz parte de todas as tradições orientais. Ele se caracteriza por uma oferenda, de energia, amor, carinho, lealdade, e votos de saúde, prosperidade e felicidade.

Mudrá
Mudrá significa gesto, selo ou senha. No Yôga, mudrá designa os gestos reflexológicos, simbólicos ou magnéticos feitos com as mãos.
Conforme Shivánanda, a presença de mudrá, pújá e mantra, caracteriza herança dos Tantras. O Educador DeRose, no livro Faça Yôga Antes Que Você Precise, diz “Os mudrás atuam por associação neurológica e por condicionamento reflexológico. Não podemos negar um componente cultural, que reforça ou atenua o efeito dos mudrás. Sua influência na esfera hormonal é inegável... Um fato curioso e que só pode ser atribuído ao inconsciente coletivo é a ‘coincidência’ de que, em épocas diferentes, hemisférios diferentes, etnias e culturas diferentes, os mesmos gestos são observados com o mesmo significado... Os mudrás do hinduísmo são originários da antiga tradição tântrica e tanto o Yôga quanto a dança clássica hindu - o Bhárata Natya - utilizam-se deles. Nos Yôgas mais tardios essa arte ficou praticamente extinta, limitando-se a uns poucos mudrás.”

Mantra
Mantra pode ser traduzido como vocalização. Compõe-se do radical man (pensar) + a partícula tra (instrumento). Alguns mantras constituem-se de várias sílabas, palavras e notas musicais, sendo denominados kirtans. Temos nessa categoria, por exemplo, o Shiva Mantra, o Gáyatrí Mantra, o Maha Mantra, etc. Outros tipos podem ter uma só palavra, uma só sílaba e uma só nota musical. Os mantras, em geral dessa última categoria, quando são vocalizados repetidamente denominam-se japa (repetição). As fórmulas mântricas mais potentes são aquelas que não possuem sentido literal, nem tradução, nem significado e carregam uma força ancestral capaz de interferir no psiquismo humano; e ainda, muito além disso, transformam a matéria, em geral. A combinação dos sons é uma arte que foi desenvolvida, empiricamente, pelos Mestres de Yôga da antiguidade, que viviam em contato mais efetivo com a Natureza. O mantra mais importante é o ÔM 
ÔM
Texto do Educador  DeRose, extraído do Faça Yôga Antes Que Você Precise.


ÔM é o símbolo universal do Yôga, para todo o mundo, todas as épocas e todos os ramos de Yôga. Aquele desenho semelhante ao número 30 que aparece em quase todos os livros e entidades de Yôga, é uma sílaba constituída por três letras: A, U e M. Pronuncia-se ÔM. Um erro comum aos que não conhecem Yôga, é pronunciar as três letras “AUM”. Traçado em caracteres, é um yantra. Pronunciado, é um mantra. Há inúmeras maneiras de pronunciá-lo para se obter diferentes resultados físicos, energéticos, emocionais e outros.
ÔM não tem tradução. Contudo, devido à sua antiguidade e amplo espectro de efeitos colhidos por quem o vocaliza de forma certa, ou o visualiza com um traçado correto, os hindus o consideram como o próprio nome do Absoluto, seu "corpo sonoro".
Sendo o mantra mais completo e equilibrado, sua vocalização não apresenta nenhum perigo nem contra-indicação. É estimulante e ao mesmo tempo aquietante, pois consiste numa vibração sáttwica, que contém em si tamas e rajas sublimados.
Não podemos negar que o ÔM seja um símbolo muito poderoso. Ele é forte pelo seu traçado yântrico em si, pela sua antiguidade, seus milhares de anos de impregnação no inconsciente coletivo, pelos bilhões de hindus que o usaram e veneraram, geração após geração, durante dezenas de séculos, desde muito antes de Cristo, antes de Buddha, antes da civilização européia existir e, durante esse tempo todo, toda essa gente fortaleceu a egrégora do ÔM!


PRÁNÁYÁMA

Expansão da bioenergia através de respiratórios

Prána significa bioenergia; ayáma, expansão, largura, intensidade, elevação. Pránáyáma designa as técnicas, quase sempre respiratórias, que conduzem à intensificação ou expansão do prána no organismo.
Prána
Prána é o nome genérico pelo qual o Yôga designa qualquer tipo de energia manifestada biologicamente. Em princípio, prána é energia de origem solar, mas podendo manifestar-se após a metabolização, ou seja, indiretamente, sendo, então, absorvido do ar, da água ou dos alimentos. O prána, genérico, divide-se em cinco pránas, que são: prána, apána, udána, samána e vyána. Estes subdividem-se em vários subpránas.
O prána é visível. Num dia de sol, faça pránáyáma e fixe o olhar no vazio azul do céu. Aguarde. Assim que o aparato da visão se acomodar você começará a enxergar miríades de minúsculos pontos brilhantes incrivelmente dinâmicos, que cintilam descrevendo rápidos movimentos circulares e sinuosos. Ao executar seus respiratórios, mentalize que está absorvendo essa imagem de energia.


Bandhas
Os bandhas são contrações ou compressões de plexos e glândulas. Muitos pránáyámas e ásanas utilizam bandhas como fatores de potencialização.
Shuddhi
Uma purificação do tantrismo, é o chamado bhúta shuddhi que significa purificação dos elementos. Uma variação de bhúta shuddhi, utilizado e desenvolvido pelo Yôga tântrico, consiste na purificação das nadís (meridianos ou correntes por onde circula a bioenergia ou prána), seja através de técnicas tais como mantras, pránáyámas, kriyás, ásanas; seja através de uma seleção alimentar e de uma reeducação das emoções, para que o praticante não suje seu corpo com detritos tóxicos de sentimentos como o ódio, a inveja, o ciúme, o medo, etc.



Kri
Atividade de purificação das mucosas

Kriyá significa atividade. Os kriyás são técnicas de purificação típicas do Yôga Antigo. Consistem em uma verdadeira arte de limpar o corpo, por fora e por dentro, atentando para filigranas de fazer corar qualquer um de nós que se supusesse uma pessoa asseada.
Para perplexidade do arrogante ocidental moderno, os kriyás foram elaborados numa época em que a maioria dos povos hoje tidos como cultos nem tomava banho, nem escovava os dentes. Nessa época, os yôgis já estavam mais preocupados com o fator higiene do que nós hoje em dia, mais que todos os povos de qualquer época.
Eles sabiam, por exemplo, que não adianta só lavar o lado de fora, a face visível do corpo, se deixarmos imunda a parte que não é vista. Tinham consciência de que isso não é lá muito honesto, pois parece-se muito com jogar a sujeira para baixo do tapete. Só que o tapete, nesse caso, é o nosso corpo!


Ásana
Técnica corporal, firme e agradável

Ásana é toda posição firme e agradável (sthira sukham ásanam). Essa é a definição ampla e lacônica do Yôga Sútra, capítulo II, 46. Segundo tal definição o número de ásanas é infinito.

Outra frase, esta atribuída a Shiva, confirma a de Pátañjali: há tantos ásanas quantos seres vivos sobre a Terra.

Outros, porém, limitam o número de ásanas em 84.000, dos quais 840 seriam os mais importantes e, destes, apenas 84 fundamentais. No livro Faça Yôga Antes que Você Precise do  Mestre DeRose, estão relacionados mais de 2.000 ásanas. É a maior compilação já realizada na História do Yôga em todo o mundo.

Mas o que é ásana, afinal? Ásana é a técnica corporal que, para muita gente, melhor estereotipa o Yôga. Isso ocorre devido ao fato consa­grado de que, dentre todas as demais técnicas do Yôga, a única foto­grafável, filmável e demonstrável em público é o ásana. Você poderia fotografar yôganidrá, filmar pránáyáma, ou demonstrar mudrá... mas não teria muita graça para o público
leigo, a menos que fossem combinados com os ásanas. Assim, este anga (parte) acabou mais conhecido.

Ásana é técnica corporal, sim, mas não exclusivamente corporal. Nada a ver com ginástica, nem com Educação Física. As origens são diferentes, as propostas são diferentes e a metodologia é diferente. Por isso, em Yôga não precisamos de muitas coisas que são fundamentais na Educação Física como, por exemplo, o aquecimento muscular. Em Yôga Antigo não utilizamos o aquecimento muscular antes dos ásanas.
Por economia de palavras as pessoas costumam referir-se ao ásana exclusivamente pelo seu prisma corporal. Contudo, a técnica não merece o nome de ásana, a menos que incorpore outros elementos.
Se for exercício físico não é Yôga. Ásana tem que ter três fatores:
1.   posição;
2.   respiração coordenada;
3.   atitude interior.

Yôganidrá
Técnica de Descontração
Yôganidrá é o relaxamento que auxilia o yôgin na assimilação e manifestação dos efeitos produzidos por todos os angas. A eles, soma os próprios efeitos de uma boa descontração muscular e nervosa.

Não confunda yôganidrá com shavásana. Alguns tipos de Yôga não possuem em seu acervo a ciência da descontração denominada yôganidrá, que é de tradição tântrica, e encerram suas práticas com o shavásana. Este, como o próprio nome já diz, é apenas um ásana, uma posição de relaxamento. O yôganidrá aplica não apenas a melhor posição para relaxar, mas também a melhor respiração, a melhor inclinação em relação à gravidade, o melhor tipo de som, de iluminação, de cor, de perfume, de indução verbal, etc.

Antes de prosseguirmos, vamos precaver-nos contra um equívoco claudicante. É considerada gafe muito séria confundir Yôga com relaxamento. Como você já percebeu, até este ponto já consumimos uma quantidade de páginas e ainda não falamos desse assunto, a não ser en passant. Na verdade, só nos últimos tempos é que o Yôga foi associado a conceitos como paz e tranqüilidade. Nas escrituras antigas o Yôga sempre esteve ligado a idéias de força, poder e energia. Jamais à calma ou relaxamento. Isso é coisa da sociedade de consumo. O conceito popular surgiu uma vez que tem muita gente lecionando sem ser formada. E essas pessoas conseguem trabalhar sem qualquer habilitação já que o consumidor não lhes cobra um certificado de formação profissional.

A que se deve essa distorção? Deve-se à desinformatite aguda. A mesma que leva as pessoas a associar Karatê com alguém que dá um grito e quebra uma tábua. Isso é uma caricatura. A imagem que as pessoas têm do Yôga também é uma mera sátira que não faz jus à estatura da nossa filosofia de vida. O Yôga requer muito menos paciência que qualquer esporte ou arte. Por outro lado, a relação custo/benefício é excelente, por exemplo, na intensidade, rapidez e segurança com que atua, proporcionando flexibilidade corporal, fortalecimento muscular e vitalização de toda a estrutura biológica.
Se uma pessoa aprende a respirar melhor, administrar o estresse, concentrar-se melhor, trabalhar o corpo, alongando a musculatura, me­lhorando a postura, beneficiando órgãos internos, recebe um vigoroso incremento de saúde generalizada. Com a aquisição de tanta energia, os efeitos logo extrapolam o plano denso e começam a atuar no setor mais sutil como o desenvolvimento de chakras (centros energéticos), o despertamento da kundaliní (poder da libido) e suas conseqüentes pa­ranormalidades. Daí à meta, que é o samádhi, é um passo.

A parte mais sutil e interna só é desenvolvida se o praticante desejar. Caso contrário, ele se restringe ao trabalho orgânico que é a base de tudo. Como você pode perceber, nesse universo de técnicas e de efeitos, o relaxamento é uma parte insignificante no cômputo geral.



 Nyása

Nyása significa identificação. Consiste num recurso de origens tântricas que visa a produzir um fenômeno muito peculiar em que o praticante se identifica de tal maneira com o objeto da sua concentração que passa a pos­suir as características desse objeto. Terminado o nyása, as características cessam. Contudo, se o yôgin[1] praticar sistematicamente nyása sobre um mesmo objeto, gradativamente suas qualidades vão sendo incorporadas pelo praticante.
Assim, se o sádhaka pratica nyása com o seu Mestre, vai compreender melhor o ensinamento dele. Passa a incorporá-lo como seu. É possível executar nyása, não apenas com pessoas vivas ou mortas, mas também com objetos da Natureza, tais como uma flor ou uma pedra. E, ainda, com egrégoras e com seres mitológicos.
Há várias formas de nyása.




pratyáhára
Abstração dos sentidos

A abstração dos sentidos é um fenômeno que todo o mundo já experimentou muitas vezes. Ocorre, por exemplo, quando você está assistindo a uma aula que lhe interessa e não escuta os ruídos circundantes, como uma buzina, campainha, pessoas falando. O mesmo ocorre quando você deixa de escutar a música ambiente, o ruído do ar condicionado, etc.

Denominamos pratyáhára consciente quando o fenômeno torna-se voluntário.

Por exemplo, você está na sala e decide não escutar mais a música ambiente ou o ruído da rua.

Quando se trata de som, é mais fácil de dominar. Depois, os exercícios passam a ser feitos com os outros sentidos: visão, olfato, paladar e tato.
Não precisa ficar preocupado. Não se trata de desenvolver nenhuma anomalia, mas tão simplesmente de dominar os seus sentidos para desligá-los, tornar a ligá-los ou mesmo aguçá-los, conforme melhor lhe aprouver. Já é um início de desenvolvimento de siddhis, as paranor­malidades.



Dháraná e Dhyána
Dháraná traduz-se como concentração; e dhyána, como contemplação ou meditação. A meditação é o estágio mais avançado da concentração.
Conforme descrição de uma escritura tântrica da Idade Média, o Ghêranda Samhitá (Cap. VII, 2-8), deve ser feita da seguinte forma: “Imagine o praticante que há um grande oceano de néctar em seu próprio coração. E no centro dele há uma ilha de pedras preciosas, cuja areia está salpicada de brilhantes. Por todos os lados encontram-se árvores frondosas, carregadas de flores e frutos tenros. No meio do arvoredo deve ser imaginada uma enorme e antiga árvore com quatro ramos (representando os quatro Vêdas), e que está também carregada de flores e frutos. As abelhas zumbem e os pássaros cantam... Sob essa árvore deve ser visualizada uma pequena plataforma com um belo trono confeccionado de pedras preciosas. E sobre esse trono, está sentado o Ishtadêvatta, cujas formas, vestimentas, cores e adornos já haviam sido previamente descritos e ensinados pelo Mestre do praticante”.
O tantrismo se utiliza de imagens e de formas mitológicas da tradição hindu, possibilitando ao praticante concentrar-se e meditar no seu objeto de reverência ou devoção. A partir do momento em que ele ultrapassa essa fase, ampliando ainda mais o dhyána, poderá alcançar um outro estado de consciência denominado samádhi. Nesse ponto, ele se torna um yôgin.

Fontes:
Yôga, SámkHya e Tantra do mestre Sérgio Santos.
Faça Yôga Antes que Você Precise – Mestre DeRose
Shiva e Dioniso –A Religião Da Natureza e do Eros, Alain Daniélou
O Cálice e a Espada, nosso passado, nosso futuro, Riane Eisler
O Herói de Mil Faces – Joseph Campbell

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