"A jornada rumo à totalidade não é algo que se possa fazer da noite para o dia. É uma dança composta de vários passos, com muitos parceiros, muitas voltas e rodopios, muitas músicas, muitos estilos. Ela é imprevisível. E leva tanto tempo quanto for necessário."

A Cura do coração!

A CURA DO CORAÇÃO

Palestra de Leslie Temple Thurston (http://www.corelight.org/br)
Gostaria de começar esta palestra sobre a cura do coração com uma citação do Evangelho de São Tomé: “Existe luz no centro de pessoas de luz, e elas iluminam o mundo inteiro. Se não brilharem, haverá escuridão”.
Este verso do Evangelho de São Tomé realmente é a essência desta aula.
Todo propósito de nosso estudo de autodescoberta, todo princípio por detrás do despertar é encontrar essa ESSÊNCIA DE LUZ. Esse Centro dentro de nós. Na literatura esotérica, das Escolas Místicas, fala-se de “Shuxumina”, a palavra em sânscrito para descrevê-la, ou da árvore da vida, também conhecida como o pilar do meio. É o núcleo do nosso corpo – encontra-se em nosso corpo sutil; corresponde à coluna e forma a linha mediana do corpo, sendo a fonte de todos os chakras – os 7 chakras contidos no corpo. Os chakras emergem dela. Em nosso interior, encontrar esse núcleo, é o despertar da consciência não dualística, por isso, esse núcleo é a manifestação da unidade dentro de nós. É a consciência divina contida em nossos corpos. A com que estamos mais familiarizados é com nosso próprio corpo e à medida que avançamos nesse caminho para a iluminação passamos a conhecer os corpos sutis, combinando ou encaixando um dentro do outro, através de níveis ou dimensões de consciência, da forma mais rústica do físico, da densidade do físico até os corpos mais sutis, que são luz pura. Este núcleo penetra todos esses corpos e é encontrado dentro do corpo físico, como a medula que é protegida pela coluna.
Em nossas meditações, em nossa consciência mental, em nossas percepções do mundo, em nossas respostas emocionais ao mundo, no transcurso da autodescoberta tentamos penetrar neste núcleo. Ao fazermos isso, o núcleo se expande, preenchendo toda a aura, até que, como entidades, estejamos conscientes da presença da divindade em todas as coisas à nossa volta e em tudo o que fazemos.
Quando nossa consciência entra nesse núcleo, somos capazes de perceber a unidade, de perceber além de todas as polarizações e dualidades deste mundo. Tudo parece se juntar. Ou todas as coisas se unem. Esta é a nossa percepção: a consciência da unidade.
Este núcleo dentro do corpo é totalmente constituído da luz divina – que é a consciência da unidade. Contemos o campo unificado ou consciência da unidade – ou Deus - como quiser denominá-lo. Temos isso em nossos próprios corpos. Jesus disse: “o reino de Deus é interno”. Por isso, para encontrá-lo, temos que ir para dentro.
Meditação é a prática de ir para dentro. Tudo que nasce, tudo que vem a este mundo, vem da Fonte, do núcleo dentro de nós. Tudo que morre, tudo que se deteriora e desaparece, morre e retorna ao núcleo. Por isso, o estudo da autodescoberta, é o estudo para acessar essa luz, esse Centro em nosso interior e aprender a como deixar brilhar o nosso espírito para que nos iluminemos. Com nossa iluminação, todo mundo se ilumina. Somos todo mundo. Em seu estado ilimitado, nossos corpos refletem o cosmos. Um dos passos ao longo do caminho, num nível relativamente intermediário, na jornada rumo à iluminação, é a abertura do chakra do coração. Para acessar o núcleo de forma permanente, devemos ser capazes de manter o
chakra cardíaco constantemente aberto. Em nossa jornada, podemos ter muitas experiências grandiosas, quando temos bastante sorte de vivenciar a consciência de unidade. Esses são momentos em que somos capazes de acessar o núcleo e um dos caminhos é através do chakra do coração. Em geral, para a pessoa comum, com consciência humana comum, ou seja, nos estados limitados de não-iluminação, o chakra do coração funciona como uma válvula: fica aberto em determinados momentos e se fecha em outros. A abertura e fechamento do chakra cardíaco parece depender de nossas respostas ao mundo. Se respondermos de maneira positiva, ele se abre. Estamos constantemente lidando com a abertura e fechamento do chakra cardíaco. Quando o coração se fecha, ficamos contraídos e tendemos a descer para o terceiro chakra, onde a consciência é muito mais polarizada, entre bem e mal, certo e errado, negativo e positivo. Ficamos muito mais presos à dualidade da vida. É mais provável perceber o inimigo fora de nós e nos sentirmos vulneráveis e expostos ao perigo. Quando estamos com o coração aberto, existe uma sensação de inteireza, de sermos completos, plenos e de estarmos num fluxo de luz. Sentimo-nos muito expandidos, muito conectados com tudo ao nosso redor e muito tolerantes, generosos e receptivos para o que acontecer. Este é um estado bem melhor do que o estado de fechamento, quando ficamos vulneráveis, temerosos, talvez paranóicos e defensivos. No terceiro chakra, nos sentimos muito mais conectados ao mundo a nossa volta, somos incapazes de sermos um ou nos fundirmos às coisas a nossa volta: pessoas, eventos, animais, natureza, etc. Estamos mais recolhidos na pequena concha de nossa própria dualidade.
Para experienciar a abertura do coração continuamente, o chakra cardíaco precisa passar por uma cura. A dualidade que passa pelo coração, ao fluir por todo o corpo, precisa ser unificada. Em nossa origem, éramos inteiros e completos. Éramos um com a totalidade do Universo. Éramos luz. Em nosso estado mais elevado, no nível do nosso corpo superior – o da Consciência Crística – somos um corpo de luz, que é um estado de não dualidade ou unidade. Ao nos separarmos cada vez mais da Fonte e descermos a níveis diferentes, fomos divididos em segmentos diferentes de consciência. A totalidade se fragmentou. Um dos fragmentos, ou fissura na totalidade, é entre o ativo e o passivo ou entre o ativo agressivo e as energias receptivas. Em geral, consideramos as energias ativas, expressivas, agressivas ou assertivas como masculinas e as energias receptivas, sem forma, passivas, como femininas.
Como você sabe, todos os seres, sejam de natureza masculina ou feminina, contém tanto as naturezas passivas quanto as ativas, mas a separação dessas duas – essa dualidade – foi uma grande sombra que desceu pelo meio do corpo e dos corpos sutis. Essa sombra, efetivamente, causou o bloqueio de nossa consciência do núcleo, daquela linha mediana, da fonte em nosso interior, fazendo com que experienciássemos nossa separação da divindade, da totalidade, da unidade.
Nossa habilidade de acessar a consciência crística foi cortada. Fomos divididos ao meio assim como o chakra do coração. Se olharmos para o coração físico de um ser humano, na verdade de todos os seres, existe um septo ao meio, refletindo aquele sombreamento ou separação sutil. Ao curar o coração temos que retornar àquela inteireza do chakra cardíaco. O caminho para isso é através da iluminação ou da remoção da sombra da linha mediana que ilumina o núcleo. Então, a luz luminosa preenche e une os dois lados, mas enquanto estivermos sujeitos ao fluxo da dualidade, negativo / positivo, o chakra cardíaco continuará a se abrir e a se fechar.
É assim que ele funciona. Por isso, o processo de cura do coração exige que a consciência transcenda o fluxo de negativo e positivo de nossas percepções do mundo.
Temos algo que chamamos de mente reativa. O sistema emocional reativo está incluído nela. Quando alguma coisa que percebemos como ruim acontece, tendemos a ter uma resposta negativa ou contraída e o coração, aparentemente, parece se partir. Podemos ir de um estado de prazer para um estado de dor; de uma sensação de inteireza para uma de perda; de uma sensação de comunhão com as pessoas para um estado de separação, isolamento e solidão. Isso se dá porque a nossa programação responde à situação externa como negativa e porque fomos cortados de nosso sentimento do Divino, de Deus, de Unidade. Fica claro que a cura do coração exige que transcendamos a percepção do negativo e do positivo, que é uma outra maneira de dizer que transcendemos vivendo na dualidade ou na polarização do terceiro chakra. Mas o chakra cardíaco em si está também em seus níveis superficiais dualísticos ou polarizados. Por isso, podemos vivenciar um amor tremendo no coração, mas em uma circunstância negativa é possível que o coração se feche, e sentimos medo. Perceberíamos um inimigo e o coração iria se contrair e agir de forma defensiva. O medo fecharia o coração.
Na jornada em direção à abertura permanente do chakra cardíaco, para que ele não se expanda e contraia – ou não se abra e se feche, para permanecer sempre aberto – precisamos compreender que o externo não é perigoso e que não há inimigos.
Esta é uma jornada muito complexa e muitos dos aspectos da autodescoberta tratam disso. Um deles, de onde gostaria de iniciar, é a compreensão de que não existe o externo. São necessários muitos e muitos anos para verdadeiramente se perceber que TUDO É VOCÊ. Mas no início, afirmaremos que este é o caso e aprendemos a processar os eventos que são percebidos como externos a nós como aspectos de nossa consciência dual. Em outras palavras, temos tudo que parece separado de nós, mas que aparece neste mundo para ser considerado. Vamos processar tudo isso como sendo nossa própria bagagem, vamos abraçar esse fenômeno como uma manifestação polarizada de nosso próprio padrão. Isso é verdade porque criamos nossa própria realidade através de nossos pensamentos subconscientes e inconscientes. Muitas vezes, através de nossos pensamentos bem conscientes manifestados e trabalhados – porque todos no padrão humano estão sujeitos a causa e efeito. Assim, quando algo acontece no exterior, de que não gostamos, temos que olhar para isso como efeito de uma das causas que instigamos, seja com pensamento, ou com um gesto. O que fazer em uma situação quando a raiva surge? Na cura do coração, a raiva é provavelmente o maior e o principal problema que teremos que enfrentar. Em uma situação em que a raiva esteja presente, sugiro que respirem profundamente, façam uma pausa, tentando não se deixar levar pelo calor do momento. Vale à pena ser bastante circunspecto em situações assim. A raiva soará do coração e do terceiro chakra e fechará o coração. Fechará o núcleo sensível do coração. Na verdade, a consideração circunspecta e sensível à situação presente também vem desse núcleo sensível do coração. Por isso, você terá de estar muito bem desperto e em seu “observador” e recordar do compromisso que assumiu de não estourar em uma situação de natureza explosiva, onde todas essas energias voláteis começam a irromper de dentro de você.
Esses são os tipos de processos sobre os quais acabei de falar. Os tipos que, na verdade, são oportunidades ideais para manter o coração inteiro. À medida que sobreviver a eles, e o coração for se curando cada vez mais, a raiva, o medo e a dor em seu interior diminuem. Essas
que são as três maiores questões que interferem com nossas vidas e com nossa capacidade de amar. A razão de ficar com raiva é porque o coração já está quebrado, está partido ao meio e porque perdemos nosso estado natural de unidade que nos conduz à uma expressão de compaixão em nossas ações com o mundo. Ao perdermos isso, através do estado de separação, a energia ou a tensão tende a descer para o terceiro chakra, onde sentimos que existe um inimigo fora de nós do qual precisamos nos proteger. No calor do momento, esquecemo-nos do nosso compromisso de perceber tudo como sendo nós. Se estivéssemos vivendo a partir de um coração totalmente curado, não veríamos perigo algum fora de nós. Não veríamos o externo. Mas entendo que este é um nível bem avançado de integração e que é preciso muito trabalho para curá-lo. Precisamos ser muito, muito fortes para mantê-lo inteiro para atingirmos tal grau de integração. Precisamos ultrapassar nosso self limitado e reativo. De qualquer forma, ficamos com raiva porque sentimos que há um externo separado de nós que está nos ameaçando e que precisamos defender nosso território. A sensação de que o “eu” ou “para mim” é nosso território e que o estamos defendendo. Se não tivermos um território, se não tivermos um self pessoal, uma sensação de “eu”, então, o que há para defender?...
Só uma grande mudança na percepção nos permite aceitar que não existem inimigos. De qualquer maneira, quando curamos o coração, todo estado de ser, de perceber a vida como ameaçadora, finalmente cessa. Uma das maneiras de se fazer isso é perceber tudo que nos acontece como um processo.
E de onde vem esse processo?
É a eternidade nos dando um processo e o processo é nosso próprio carma. Não é nossa mãe gritando conosco, sendo desagradável, mesquinha ou limitadora. É a eternidade nos trazendo um processo. Podemos nos acercar dele com curiosidade. O que existe nesse processo que precisamos perceber para o meu despertar e esclarecimento?
Tudo é um processo. Este é um estágio intermediário de percepção e não precisamos gritar com nossa mãe ou com nosso chefe ou ficarmos ofendidos e nos fazermos de vítima e ir para casa. Mesmo que não gritemos, ficaremos com um grande nó de raiva no estômago que nos causa indigestão durante toda a noite. Não precisamos agir assim. Podemos abordar a situação com um estado de humildade e aceitação e perguntar: “Por que isso está acontecendo? Por que estou sendo exposto a isso? O que o carma está me mostrando? O que há comigo que me coloca nesta situação? O que preciso enxergar com isso?...”
Talvez seja preciso responder à sua mãe ou falar com seu chefe a fim de por um ponto final na situação – mas não se culpem; não neguem qualquer responsabilidade de sua parte. Definitivamente, somos participantes em cada situação que ocorre em nosso redor. Em um contexto mais amplo, dentro da comunidade, desenvolvemos uma capacidade para tolerar outras pessoas e suas diferenças. Para aceitar que o mundo é de certo jeito, que as pessoas são de certo jeito. Elas podem não concordar com nossas opiniões, podem não agir como gostaríamos que fizessem – elas são diferentes em termos de valores – mas mesmo assim, temos uma tolerância e respeito e uma aceitação dessas diferenças. Sabemos que na diversidade do mundo sempre existe aquele núcleo de unidade. Sentimos o núcleo de unidade com pessoas embora sejam diferentes de nós. Aceitamos que elas têm seu lugar no mundo – este é o desenvolvimento do núcleo, do núcleo do coração, e da habilidade de ir além do self
pessoal. O self pessoal, é claro, está sujeito à seus próprios valores e, quando enfrenta uma perda, torna-se defensivo e se fecha. Nosso self pessoal e o padrão que o mantém são as causas do fechamento do chakra cardíaco. Quando alcançamos esse estágio final da jornada rumo à iluminação, o chakra cardíaco é capaz de se abrir de forma mais permanente devido à queda do self pessoal. Este é um marco na jornada.
Ao guiarmos nosso processo de cura do coração, estamos nos guiando em direção à dissolução do self pessoal. Quando o chakra cardíaco está aberto e permanece aberto permanentemente, estamos num tremendo fluxo. Vivenciamos um fluxo de luz e energia emanando constantemente do coração, como de uma fonte. Essa é nossa habilidade de fundir, de nos tornarmos UM. De estar num estado de empatia com todas as coisas à nossa volta. Verdadeiramente, estamos no nosso caminho rumo à Unidade, neste ponto.
Quando estamos na velha consciência, com o coração abrindo e fechando, o fluxo é constantemente interrompido.
Gosto de defini-los como dois sistemas separados. O primeiro é o sistema polarizado e a polaridade é aquela que abre o coração e depois o fecha. Todos os estados emocionais que envolvem e procedem dessa abertura e fechamento são estados emocionais polarizados. Quando o coração está aberto, sentimos amor. Sentimo-nos conectados, sentimos comunhão com todas as coisas. Quando está fechado, sentimos desgosto, ódio, medo, oposição.
A sensação de unidade é dividida em separação e limitação e temos uma sensação de escuridão. Quando o coração está aberto, o fluxo de energia pelo coração é expansivo e luminoso. Quando se fecha, tendemos a sentir a escuridão se aproximar e a passar por todos os estados emocionais associados à perda, depressão, solidão, abandono, rejeição etc.
Nesse sistema de abertura e fechamento, comum para 99,9% das pessoas no mundo, não estamos nem num sistema mental positivo nem em um negativo. Então, quando o chakra do coração é aberto e curado, avançamos para um sistema que gosto de chamar de SISTEMA DE FLUXO, que é um sistema tremendo de luz e energia que constantemente jorra através do chakra do coração, emanando para todo o mundo. Nunca há uma sensação de que vai acabar ou que essa onde de luz diminua porque está além da polarização “vazio/cheio”. Simplesmente continua emanando infinito sortimento de luz, luminosidade, amor, unidade, consciência, coerência e compaixão profunda e penetrante, que se propaga no mundo mais, mais e mais.
O verso do Evangelho de São Tomé fala sobre isso: “Existe luz no centro das pessoas de luz e elas iluminam o mundo inteiro. Se não brilharem, haverá escuridão”.
Uma das formas de iniciar esse fluxo de amor e luz pelo coração e de emaná-lo para o mundo é nos conectarmos com o mantra da Deusa Hindú – Lakshmi. Lakshmi é a deusa do amor, da beleza, da prosperidade e da perfeição. A deusa da abundância. E ao usarmos seu mantra, podemos criar um maravilhoso fluxo de luz no coração porque ela é a deusa do amor. Ela abre o chakra do coração e dele jorra seu fluxo maravilhoso.
Enquanto o ego pessoal estiver instituído, iremos vivenciar seu fechamento algumas vezes. Para se obter um sentimento real desse fluxo, sugiro que usem seu mantra. O que você precisa é de um mala com 108 contas para contar cada um dos mantras. O mantra é muito bonito e entoado de forma bem metódica, quase melódica. Se completar um mala – 108 mantras –
uma vez ao dia, ou mais se desejar, começará a contatar essa forma de energia que é Lakshmi e a sentir esse fluxo de luz, amor e abundância em seu coração. Mas lembre-se: a fim de manter o fluxo em movimento, não podemos ser egoístas.
Lakshmi é consorte de Vishnu e, juntos, personificam a energia da preservação. A preservação vem da generosidade contínua, através de um constante fluxo de amor. Se desejar manter o fluxo de amor se movimentando pelo coração, é preciso aprender a dar, a soltar, a se abrir para o novo. Não acumular e não se apegar rigidamente às coisas. É preciso estar aberto ao fluxo. Se praticar o mantra, em breve aprenderá a como se tornar um ser fluido e de coração aberto.
O mantra é assim: “chureeeing, chureeeing, chureeeing”...
Você pode entoar o mantra em voz alta, embora creia que atualmente seja ensinado que se for entoado em silêncio, em sua mente, é mais poderoso. Boa sorte! Eu mesma tive muito sucesso com ele.
Um coração aberto é um purificador. É possível aprender como transmutar energia densa e dual através do coração. Uma das coisas que acontecem quando se atinge esse estado de total abertura, de forma permanente, é que nos tornamos capazes de transmutar a energia do mundo através do coração e a irradiá-la para o meio ambiente em um estado mais puro, luminoso e não dualístico. Isso é algo que você pode praticar. Por exemplo, se estiver meditando e guiando a kundalini a partir do chakra da raiz, leve-a do terceiro chakra para o cardíaco. Ao trazê-la bem para o centro do chakra do coração, ela se transmuta em unidade, em compaixão, amor, pureza, luz e na consciência crística, que é luz.
Esse é um exercício muito bonito de ser praticado, quando estiver meditando. Se sentir seu coração fechado ou bloqueado, entoe o “chureeeing” por algum tempo. Quando o coração se abrir, traga as energias densas de sua aura para seu coração, através do centro do coração, transformando-as para sempre em um estado de unidade. Nessa jornada de cura do coração é importante aprender a entregar. Se nos agarramos a pontos de vista muito condicionados em nossa rendição, em nossa vida, então estamos nos enquadrando em uma estrutura muito rígida e em uma forma muito bem definida de mundo que pode parecer como um cobertor de segurança ou como um belo forte no qual podemos estar seguros, mas na verdade o que acontece é que o forte se transforma numa prisão e nos enquadramos nela por nossa própria rendição condicionada à vida. “Vou fazer isso, mas tem que ser desta forma”; “Quero isso e aquilo, mas tem que acontecer exatamente assim...”
Tente aceitar o que quer que seja – aquele estado de perfeita rendição ao desconhecido. Tente não ficar chocado ou surpreso com o inesperado. Tente aceitar tudo isso com tranqüilidade – aquele estado de completa e total rendição à vida, ao inesperado, ao desconhecido, é um aspecto muito, muito importante para se manter o chakra do coração aberto permanentemente. Se algo o deixou desgostoso, porque não saiu exatamente da forma desejada, no momento em que você se agarra à idéia de que é negativo ou que lhe desgostou, está julgando como negativo e, então, o coração se fecha. Temos que tentar deixar de lado os julgamentos negativos.
Às vezes, é necessário muita confiança e fé na generosidade natural da vida, das pessoas e de Deus, da eternidade e do Absoluto. Mas é muito, muito importante cultivar esse estado, se
desejamos vivenciar a cura do coração. Existem dualidades na superfície do coração e teremos de trabalhá-las. O coração é um centro emocional onde sentimos amor e ódio. Podemos sentir muita negatividade na superfície do coração, mas quando trabalhamos essas camadas, essas cascas da cebola, chegamos a este ponto de unidade, a este núcleo não-dual que percorre todo o corpo, mas que é mais facilmente acessado pelos seres humanos através do coração.
O próprio centro do chakra do coração lhe conduz a este lugar, perfeita e finamente sintonizado, extremamente sensível. Ele ressoa como uma membrana finamente sintonizada com a sensação de equilíbrio em nosso interior. Aquele equilíbrio absoluto que nos leva à unidade, onde todas as dualidades se juntam num estado de unidade. Essa membrana, esse lugar delicado e sensível no centro do coração é onde podemos transmutar tudo. Como disse anteriormente, tudo que nasce, nasce desse núcleo.
Depois, todas as coisas passam pelas dualidades e nós as expressamos no mundo como diversidade, mas, na fonte, são estados de unidade. Na jornada de volta, tudo que morre ou se deteriora, retorna pela diversidade até a unidade. Assim, viemos para viver, através do coração desenvolvido, num estado de consciência conhecido como UNIDADE NA DIVERSIDADE.
Neste mundo e neste caminho, todos estão sujeitos a viver seu carma. Os guias são seres angelicais, mestres ascendentes. Se olharmos a cosmologia hindu, todos os deuses e deusas, os bodhisattvas, todos os seres divinos que nos acompanham e assistem que nós chamamos de guias. Às vezes, sabemos quem são, mas nem sempre. Eles sabem que precisamos cumprir nosso carma. Mesmo aqueles que estão no caminho, que estão sendo trabalhados pelos guias, sabem que precisam viver seus carmas. Estamos também procurando ascender à consciência, para evoluirmos, mas os guias precisam considerar o fato de que estamos todos sujeitos aos nossos carmas. Não há como escapar do carma.
O que os guias fazem é encontrar furos no sistema para que vivenciemos nossos carmas por meio de algo que passamos a chamar de simulações. Assim, vivemos nossos carmas de uma forma simulada. Somos colocados em um processo onde seremos forçados a viver alguns carmas que vem se arrastando por toda a vida. Talvez por uma década, ou cinco anos... Os guias podem nos colocar em tal simulação forçando-nos a viver esses carmas em cinco meses. Um carma de cinco anos transforma-se num carma de cinco meses, ou um carma de cinco meses poderia ser por nós trabalhado em cinco dias ou talvez mesmo em cinco horas, se aprendermos a processar esse material.
Mas a regra que não pode ser violada é que sempre temos de vivê-los. Esses guias descobriram maneiras de encurtar os carmas e expandir o coração. Quando o coração cresce, estamos em um nível mais elevado de atenção e quando vivemos tal carma nesse nível não sofremos tanto os resultados de nossos carmas, como se estivéssemos em um nível mais baixo de atenção.
Esses seres divinos, que nos amam verdadeiramente, são seres de infinita, infindável compaixão, que não têm nada em mente a não ser nosso crescimento, nossa evolução e bem estar. Eles não existem para nenhum outro propósito. Dedicaram totalmente sua existência, todo o seu Ser, à evolução do Universo e isso nos inclui. Eles não podem tirar nossos carmas de nós, mas podem trabalhar nesses furos do sistema para que os vivenciemos de uma forma mais amena, através de um nível de atenção mais elevada. Ou eles podem nos despertar para o que está acontecendo e diminuir o espaço de tempo. Eles nos ensinarão formas de vivermos
nossos carmas de uma maneira simulada para que não tenhamos de vivenciá-los como se fossem nossa realidade, o que normalmente chamamos de má sorte ou lidando com adversidade.
Lidar com a adversidade é o tema que gostaria de tratar aqui, assim como a elevação do nível de atenção. Como mencionei, se estivermos em um nível mais elevado de atenção, então os carmas não causarão tanta dor. Passarão por nós mais facilmente do que se estivéssemos em um nível inferior de atenção. Elevar o nível de atenção e aprender a lidar com a adversidade são dois temas centrais conectados à cura do coração. Poderíamos quase que chamar isso de exxxpandir o coração. De fato, o coração está curado. Uma das técnicas, ou simulações, é curar o coração através de um processo de resistir. Em uma situação onde parece que a vida nos deu um golpe ou nos puxou o tapete, se pudermos resistir e passar por isso, mantendo a fé e esperar a tempestade passar, sem nos agarrarmos a atitudes de vibrações mais baixas, como revanche ou retaliação, culpa ou raiva, ou talvez levando uma rotina amarga, se pudermos simplesmente permanecer passivos e tranqüilos, e compreender que é apenas o nosso carma batendo à nossa porta, que podemos aumentar o sorriso, sem fazer algo para aumentar a carga cármica, então os carmas passarão por nós, estarão cumpridos e completos. E o coração se recomporá, pois não criaremos mais carma ou mais separação por meio de pensamentos vingativos ou culpando algo fora de nós ou blasfemando, porque Deus está nos punindo. Ou coisas do gênero.
Se puder tomar como seu algo que ocorre no exterior, isso é, se algo der errado, se a adversidade se abater contra você, não culpe o exterior. Ao aceitar que este é o seu carma, retornando para você, o coração está curado, pois não criará mais separação, não criará mais carma de separação. Nesta jornada rumo ao despertar, temos que lidar com nossos carmas de forma mais rápida. Durante infinitos eons, acumulamos muito carma. Se deseja despertar, esses carmas precisam ser cumpridos em uma vida – eles vão voltar para você de forma acelerada e forte. Carmas que precisariam de várias vidas para serem cumpridos, caso você estivesse em um caminho mais lento, vão retornar muito rapidamente caso esteja buscando despertar em uma vida. E muitos de nós estamos buscando isso no momento.
Precisamos aprender a lidar com a adversidade. A intensidade é um fato na vida de todos e na vida do buscador, ela se intensifica. Muitas pessoas se lançam no caminho espiritual de forma inocente, acreditando que estão no caminho pela doçura e pela luz. E quando surge a adversidade, sentem-se traídos. É muito importante compreender esse princípio do carma. Os carmas que chegariam espaçadamente, ao longo de muitos, muitos anos, estão retornando agora. Chamamos isso de carma instantâneo. Na era da alimentação e da vida instantâneas temos carma instantâneo. Isso é divinamente inspirado.
A alma está tentando despertar porque estamos tentando salvar o mundo. Precisamos encarar nossos carmas e por isso temos de lidar com a adversidade. Precisamos estar com um nível de atenção mais elevado para que possamos passar por eles como pelas páginas de um livro. A expansão do coração é vital e é a isso que me refiro quando digo “unir os dois lados do coração”. Estamos trazendo o coração para sua qualidade de núcleo, para o nível da alma, para o Deus em seu interior, para perusha, no centro mais sensível do chackra cardíaco. A cura do coração une os dois lados do coração e ele não vai mais se sentir partido em uma situação de adversidade. Essa é uma realidade espiritual, e acontece em determinado estágio de nossa
evolução. A vida pode lhe aplicar os piores golpes, mas seu coração não se partirá mais. Em ocasiões raríssimas, quando algo realmente puxa o tapete sob seus pés, isso pode ocorrer, mas, na maioria das vezes, seu coração não vai mais se partir. A pessoa comum vivencia separação e o coração partido várias vezes ao dia. Algumas vezes, algumas pequenas questões lhe fazem se sentir mal, ou questões realmente grandes que o levam para a cama. Isso é a vida.
Ao aprender a lidar com a adversidade, isso não vai acontecer. Essas energias simplesmente passarão por você. Verá que o coração separado ou partido é parte da ilusão dualística neste mundo e a verdadeira essência ou presença do divino no coração é inquebrantável. Ao entrar em contato com isso, ao se identificar com isso, ao perceber que isso É seu coração, sua alma, sua essência, sua verdadeira natureza, sua autenticidade, então não vai mais se partir, porque é inquebrantável. Essa é a parte do coração que não se quebra. É e sempre será a unidade.
Para chegar a esse estágio, terá de transcender a consciência dual, que é o estado humano normal nas polarizações dualísticas de negativo/positivo. Esse é o estado no qual estamos todos condicionados. Quando chegamos à unidade do núcleo, não entramos mais nas flutuações negativas e positivas do mundo. Você ainda será capaz de experienciar toda diversidade do mundo, sem se dividir ou entrar na maré dos acontecimentos negativos/positivos. Torna-se constante neste mundo de mudanças. Enquanto estiver muito limitado e fragmentado, ainda sentirá algumas vezes a dor da vida muito terrivelmente. Nessa dor, a vida está lhe recordando que está dividido, separado e magoado. Mas você pode ir além. O que fazer? Como sair do fluxo dessa maré ou dos altos e baixos do negativo/positivo? Sim, é um círculo vicioso: a vida lhe aplica um golpe; você leva um tapa na cara e reage; culpa alguém ou alguma coisa e começa a planejar sua vingança; quem quer que tenha feito isso com você, deve pagar; você reage, foge, se desespera de alguma forma e como tais reações aumentam seu carma, que por sua vez, aumentam os golpes que a vida lhe dá, dando continuidade ao círculo vicioso.
É preciso romper esse círculo, mas como fazer isso?
Primeiramente, é preciso estar consciente da necessidade de se romper o círculo. É preciso encará-lo, compreender como funciona, porque funciona e qual a alternativa. É assim que o coração se cura.
O curso alternativo é conhecer que o estado constante é a verdade. O estado constante e inquebrantável de unidade e harmonia – de incondicionalidade – esse é o verdadeiro estado do coração. O vazio/cheio, as flutuações das dualidades em negativo/positivo, o abrir e o fechar baseados em nossas reações à vida, isso é ilusão.
Os guias começam a treiná-lo e a testá-lo usando o seu próprio carma. Não estão lhe dando uma carga de adversidade porque você merece. É simplesmente seu carma. Mas eles lhe darão uma simulação. Trarão algum tipo de conseqüência cármica de ações anteriores. Existe uma maneira de lidar com isso que rompe o círculo. É um processo que passamos a chamar de “segure a batata quente e continue sorrindo”. Já mencionei isso várias vezes – é o processo de curar o coração. Vou repetir – é apenas uma maneira divertida de falar sobre isso. É realmente uma boa idéia manter seu senso de humor enquanto passa por isso. Está lidando com a sua própria reatividade egóica e tentando agir a partir de seu self superior, de seu observador e romper o círculo.
É preciso muita concentração e muito coração. Como chegar a esse coração quando se está num estado de coração partido?
Parece uma faca de dois gumes, não é? É preciso muita amorosidade pra se chegar ao coração e um senso de humor ajuda. Chamamos isso de “segure a batata quente e continue sorrindo”. À medida que faz isso, o coração começa a ficar mais inteiro e torna-se mais forte, mais robusto, caso consiga segurar a batata quente, e continuar sorrindo...
Creio que é o que Jesus quis dizer quando afirmou: “Ofereça a outra face”. Acredito que quis dizer para não reagirmos a esses tipos de situações. Ao receber um golpe, não reaja, não revide. No minuto em que toma a iniciativa e responde à situação, negando-a, defendendo-a, culpando-a ou retribuindo-a, bloqueando as informações que tal situação está trazendo, então, está incorrendo em mais carmas e a espiral é perpetuada.
E, como particularmente no início, não podemos controlar o que chega até nós vindo do exterior, só podemos interromper a espiral por meio de nossas próprias ações e não reações. Assim, o processo de curar o coração é esse: a eternidade vai colocar espinhos sob a nossa sela e observar, para ver o que fazemos. Se conseguirmos passar por isso, ficaremos mais fortes. Sempre que passarmos pelo “segure a batata quente e continue sorrindo”, nos fortaleceremos. O coração vai ficar cada vez mais inteiro. Por um período de mais ou menos um ano lidando com a adversidade de nossos próprios carmas e permitindo que passem por nós, ficaremos mais fortes e nosso coração cresce. Seremos capazes de nos entregarmos mais, de sermos menos egoístas e o coração ficará aberto mais facilmente. No final, vai ficar destemido e quase invencível.
Quando chegarmos lá, teremos praticamente cumprido nossos carmas e o exterior ficará muito suave e confluente conosco. Nosso mundo muda. É isso que quero dizer. Os golpes não acontecem tão frequentemente. Na verdade, ocorrem raramente e a vida se torna mais suave e equilibrada. Algumas vezes, durante o trabalho, cria-se uma simulação em que somos convidados a participar do processo e, com freqüência, antes que o processo continue, nos é pedido o nosso comprometimento com a cura ou com a abertura do coração. Àqueles que tiverem dispostos e concordarem, será dado um gostinho do “segure a batata quente e mantenha o sorriso”.
Se conseguirmos passar por isso, vivenciaremos mudanças no coração. Sentiremos os guias reconectando o coração – uma espécie de um empurrão para um nível mais elevado e sentiremos que estamos diferentes. Cada um de vocês será uma pessoa mais amorosa. A cada ano, seremos uma pessoa com mais coração. A cada ano, o processo evolui e a energia do coração aumenta cada vez mais. É isso que está acontecendo no momento. Nesta época de grande purificação, como estamos chamando, quando parece que o apocalipse está sobre nós e a luz penetrando na densidade do plano físico. E tudo, tudo é dualidade. Todas as polarizações boas e ruins estão sendo purificadas e se unindo de uma maneira nova. Veremos, veremos isso acontecer. Você verá isso acontecer com você. Os testes de seu carma lhe chegam de forma densa e rápida. É preciso ser capaz de lidar com isso se quiser continuar crescendo na luz, na unidade e no núcleo.
Nunca houve uma época em que estivéssemos tão destinados a fazer esse trabalho. Por isso, é tão importante explicar o processo tão detalhadamente. Se compreender clara e plenamente o que estou dizendo (ouça esse CD várias vezes, até que compreenda), será capaz de lidar com
isso e de crescer na consciência de unidade. Se seus pés começarem a se arrastar ou se começar a duvidar, ou se ficar incerto a respeito do caminho, lembre-se sempre das bênçãos que advém no final desses pequenos testes. Quando completar todo o trabalho, verá que pode prosseguir. Nada do que faz é em vão. O sofrimento que advém do processo de “segurar a batata quente” não é sofrimento em vão. Conduz à cura, à transformação.
Tenha isso em mente, tente ver o grande quadro, mesmo quando estiver lidando com os pequenos detalhes.
Gostaria de mencionar aqui a questão da raiva, já que a cura do coração nos conduz, muitas vezes, a essa questão. A raiva certamente é um problema. É uma maneira que interfere na cura do coração. Então, quando é apropriado expressar a raiva? É realmente apropriado expressá-la?
O que gostaria de dizer é que é muito paradoxal. Sempre que expressamos raiva, e agimos com raiva, se a projetamos em alguém ou em alguma coisa, estamos incorrendo em carma. Desculpe ter que dizer isso, se puder agir, e isso é o que veremos no futuro, se puder manifestar a raiva sem tensão, de forma que seja um ato para fazer páreo à energia de alguém, que talvez esteja tentando lhe dominar ou abusar de você, talvez seja preciso fazer frente à energia de tal pessoa.
Por exemplo, se tende a ser alguém realmente passivo, se evita confrontação a todo custo, então será preciso enfrentar seu tirano para haver equilíbrio. Para isso, terá de igualmente fazer páreo àquela energia forte, vigorosa ou violenta a fim de pará-la. Ao fazer isso, atinge o equilíbrio interno, pois é naturalmente uma pessoa passiva. Existe em você uma resistência ou necessidade de evitar os ares de tipo de energia forte. A fim de atingir o equilíbrio interno é preciso estar disposto a deixar essa forte energia atuar.
O problema surge quando você realmente sente a raiva. É preciso ser capaz de atuar, de aparentar estar com raiva, a fim de parar o abuso, mas sem realmente estar com raiva. Você pode agir assim e ser muito convincente, mas isso não irá machucar ninguém porque não tem a vibração da raiva por trás.
Até ser capaz de realmente tomar tais freqüências como um ator ou atriz e imitar a ação forçosa do tirano, é uma boa idéia controlar sua raiva.
Infelizmente, o que conseguimos é a supressão da raiva e uma espécie de resistência passiva. Mas se sua intenção é abrir e curar o coração, então isso contará ao seu favor, pois estará seguindo a máxima que Cristo nos deixou. Não resista à tentação.
O que quero dizer é que existem ocasiões em que temos que enfrentar certo padrão e seu desequilíbrio. Se for um tipo de pessoa medrosa e intimidada, que seja sempre um capacho, alguém que todos empurram para o lado, chegará o tempo em que será carmicamente apropriado deixar esse modelo e se expressar de maneira vigorosa. E será adequado, pois lhe devolverá o equilíbrio. Existe uma forma de se expressar vigorosamente sem ser com raiva. Mas se ficar com raiva, ainda há raiva dentro de você. Não tem haver com o que o tirano disse, ou fez. É devido à raiva que existe em seu interior e a sua reação, e isso é uma responsabilidade cármica.
É preciso perceber o que fazemos com ela e teremos de orar até que a raiva seja removida.
À medida que o coração se abre e o paradigma da percepção da realidade se altera, existe mais disposição para se aceitar a responsabilidade pelos processos que nos chegam. Então, tomamos esses incidentes mais como uma curiosidade, uma vontade de saber o que significam e não como uma reação defensiva de autoproteção, que, normalmente, é o que a raiva é.
De qualquer maneira, nessas situações voláteis, em que a raiva está presente, se pudermos manter nosso observador, aqui está a chave! Já me ouviu dizer isso milhões de vezes... E permanecer alertas no calor do momento, talvez possamos sentir a raiva surgir de dentro de nós mesmos quando falamos, mas se falamos com uma voz equilibrada, em nossa mente, estaremos em nosso observador. Estaremos alerta, observando a raiva e afirmando: “eu não sou essa raiva, não vou projetar essa raiva para fora”. Então, estaremos livres do carma.
Se agirmos impulsivamente, a partir de nossa raiva, então haverá carma para isso, porque nos deixamos levar pela raiva e perdemos nosso centro. Estamos adormecidos quando fazemos isso.
Frequentemente, temos esse sentimento: “há..., não me importo nem um pouco, estou com raiva e vou me vingar. Que o espírito e o carma se danem”.
Sabemos como é no calor do momento. Se estivermos observando, observando e centrados o suficiente para agir verdadeiramente, podemos alterar nossa consciência radicalmente, sem incorrer em carma.
Mas a raiva é um problema. Ficamos com raiva porque o coração está partido. Perdemos o nosso estado natural de compaixão e a energia desce para o terceiro chakra, onde sentimos que precisamos nos defender. Se vivermos com o coração completamente curado, não veríamos nenhum perigo, de nenhuma forma, até mesmo uma pessoa com raiva vindo em nossa direção. Mas esse é um nível de integração muito avançado e vemos sim, quando sentimos que algo está nos ameaçando e temos de defender nosso território.
Na verdade, todo estado de Ser, de perceber a vida como ameaçadora se esvai e compreendemos que a eternidade está nos oferecendo um processo. Quando estamos trabalhando, e depois de trabalhar por algum tempo, começamos a olhar para esses tipos de situações de uma maneira diferente. Veremos que nosso desejo de deixar e sair da espiral cármica excede nosso sentimento de reatividade raivosa quando as coisas não acontecem como gostaríamos. Aí, optamos por trabalhar o carma no calor do momento e não por gerar mais carma.
Todas as espirais que temos em nosso sistema nos mantém presos à roda do carma. Quando encontramos uma espiral, devemos tentar interrompê-la. É preciso parar o ciclo, mas ninguém pode vê-los, a não ser nós mesmos. Às vezes, nem mesmo nós conseguimos enxergá-los. Talvez somente nosso professor ou alguns amigos bem chegados que realmente se importam conosco conseguirão perceber isso.
Muitos desses ciclos estão tão enterrados que não conseguimos vê-los, mas o professor talvez consiga e talvez possa, ou não, mencioná-lo para nós. Dependendo de nossa humildade para aceitarmos o que vê. No final, tropeçaremos neles. Nossa consciência atingirá um nível em que, de repente, nos pegaremos num ato de realizá-los e então diremos: “Meu Deus, venho fazendo isso há tantos anos, e nunca tinha percebido...”.
Ao enxergarmos, estaremos dando o primeiro passo para mudar isso. E não se pode apressar essas coisas. Elas acontecem quando têm que acontecer. É preciso despertar na velocidade certa para nosso sistema. Há uma sequência ordenada de despertares e isso não pode ser mudado. Se quisermos tentar e mudar, provavelmente criaremos resistências.
Em seu estado liberado, o coração está associado à qualidade emocional de alegria. Mas o que é alegria? Viver a partir do coração é, por si só, uma forma alegre de viver. Ser capaz de compartilhar com outros, se preocupar com o bem estar do outro, sentir-se conectado e envolvido, participando de seu processo, de seu despertar, de seu desdobramento. À medida que o coração se abre, há um tremendo senso de descoberta da vastidão da existência – por si só, isso é uma alegria tremenda. A gratidão também é uma forma de experienciarmos a alegria – é uma das qualidades do coração aberto. A gratidão é como um conservante da vida. Ajuda-nos a enfrentar as tempestades mais violentas da mesma forma que nosso humor também o faz. Levanta nosso astral, deixa-nos animados e nos mantém leves durante os tempos mais sombrios.
Se tivermos muita gratidão, podemos apreciar as coisas – coisas simples, como um belo dia, mesmo que nossa vida pareça abalada. Praticar o perdão, tentar viver em compaixão, expressar gratitude pelas pequenas e simples coisas da vida e, é claro, gratidão pelos despertares, pelo crescimento e pela alteração de nossa consciência contribui tremendamente para um estado de alegria no coração.
É uma boa idéia se comprometer a praticar a alegria e a receber seus processos como uma oportunidade para o crescimento, ao invés de encará-los como adversidade. Por isso, sempre tente se lembrar de que nada neste padrão, esta reatividade egóica, é real... Lembre-se de que somente Deus é real.
Ao pensar em Deus, pense que é isso que somos e tente alegrar-se a esse respeito – não importa o que esteja acontecendo.
Todos aqueles que têm o coração aberto têm a capacidade de trabalhar o coletivo para o benefício da espécie humana e de movimentar grande quantidade de consciência da dualidade para o estado de unidade. Tal pessoa tem a força do uno, da consciência crística e pode receber muito e mover tudo isso para este novo estado. Em outras palavras, esta pessoa se tornou um professor, uma inspiração, uma fonte de luz para todos.
Todos vocês têm esta capacidade de ser uma inspiração para os outros, de ser uma fonte de luz – a luz dentro de nós, a Unidade. A expressão do coração.
Gostaria de deixá-los com uma saudação sufi muito amorosa: “De ti recebo, a ti ofereço, juntos compartilhamos. Nisso, vivemos”.
Obrigada.